quinta-feira, 31 de julho de 2025

Bob Wilson



Esta morte dói-me muito. Aprendi muito com Bob Wilson. Não, não foi meu professor ou mestre, mas aprendi como observador dos seus gestos na encenação e na conceção visual de muitos trabalhos. O que se observa no trabalho de Bob Wilson é fabuloso. E é uma aprendizagem.

Assisti a "Four Saints in Three Acts", no São Carlos em 2002. Tanta beleza até assustava. Aquilo não parecia feito por alguém de carne e osso. Alguém que se pode cruzar connosco na rua. Felizmente não acredito em deuses, o que me permitiu acreditar que o autor foi ele mesmo, aquele senhor que um dia eu cumprimentei no Frágil. Verdade. Havia uma festa qualquer que começava ao fim da tarde. Era verão. O Bairro Alto era diferente de agora. Era melhor. Eu cheguei por volta das sete da tarde. Era mesmo a hora de abertura da festa. Pensei que corria o risco de ser o primeiro a chegar. Não fui, mesmo à minha frente estava um homem muito grande (em todos os aspectos), de t-shirt preta, fato preto completo e copo na mão. Ouvia-se Lou Red. Cumprimentei-o, alinhavámos uma conversa de circunstância, fiz com que ele percebesse que eu conhecia o seu trabalho, e depois ficámos ali a "receber" os restantes convidados. O Manuel Reis chegou pouco depois e eu brinquei com isso: "Estive aqui a ocupar o teu lugar". Rimos, continuámos a conversa circunstancial e depois fomos ficando diluídos no convívio. A imagem deste encontro nunca mais me saiu da cabeça. Esta morte dói-me como se este encontro se tivesse repetido muitas vezes. Há gente que nunca deveria morrer. Mas isto é mesmo assim: vivemos com a memória do que nos fez crescer. Muito obrigado, senhor Bob Wilson. Foi bom viver no seu tempo.

 Imagens: Bob Wilson fotografado por Robert Mapplethorpe. Só e com Philip Glass. 

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quarta-feira, 30 de julho de 2025

A Festa


Esta Festa é única. Onde é que já se viu uma cidade inteira a festejar a Ilustração com os ilustradores? As convidadas são a Rachel Caiano (nacional) e a Yara Kono (estrangeira), duas artistas com A grande. A de Artista e de Atitude. Mas muito mais vai inundar a cidade. O Zé Povinho faz 150 anos, e a publicação de palavras cruzadas em Portugal faz 100 anos. Vão ter exposições. Mas disso e muito mais falaremos na Apresentação da Festa, dia 4 de setembro, na Casa Da Cultura. A gente vai falando. Viva a Festa.




 




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terça-feira, 29 de julho de 2025

Trabalhar, festejar, orar

As festas populares são vivências autênticas dos povos. Não foram concebidas por curadores, designers ou empresas de eventos. Tudo passa por uma vontade de participação entusiasmada. Estas pessoas trabalham intensamente para fazer boa figura. Para não desiludirem os seus antepassados. Gerações de gente do mar participa nesta Festa em homenagem à Santa da sua devoção. São pessoas de carne e osso que arriscam o corpo para garantirem sustento. Gente do mar que corre riscos, mas que não quer outra vida. A Fé move-os. 

Nuno Guerreiro Soares quis conhecer melhor o que leva esta gente a este esforço. Percebeu que esta Festa magnífica torna-os ainda melhor gente. Percebeu, pediu fotografias, pinturas, poemas e outros afectos. Este livro é o depositário dessa recolha. Ana da Silva, professora que acompanhou esta tese de mestrado, foi o pilar que garantiu rigor académico e qualidade ao empreendimento. Toda a gente está de parabéns: quem faz as festividades, quem participa e quem agora nos fornece esta publicação. Muito obrigado, Nuno Guerreiro Soares e Ana da Silva. Este livro é singular.

A apresentação é dia 4 (segunda-feira), às seis da tarde, na Biblioteca Pública Municipal de Setúbal.
Apareçam, se puderem e quiserem. Até lá.
 

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segunda-feira, 28 de julho de 2025

A morte saiu à rua

Dois nomes grados da inteligência visual morreram no mesmo dia: Maria José Palla e Nuno Portas. Foram pioneiros e decisores. Deram novas visões ao mundo nas acções que desenvolveram. Maria José Palla fotografou com olhos esclarecidos e cabeça culta. Nuno Portas olhou de outra maneira para a falta de habitação. Lembro-me do Processo SAAL, que construiu casas para quem não as tinha. Há gente assim: imprescindível. Sem eles as coisas não teriam sido como são. Muito obrigado, Maria José Palla e Nuno Portas. Foi bom viver no vosso tempo.

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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Um pastel de nata depois de almoço

Álvaro de Vancouver vai para o Banco de Portugal. Os pastéis de nata vão ter palco institucional. Aquele senhor Leitão que é ministro diz que Álvaro é independente, competente e livre. Muito mais competente do que Centeno, diz Leitão. Leitão já assegurou o lugar de humorista principal ao serviço do Governo que nos saiu na rifa. Ventura, o fascista ao serviço do Governo, queria mais, mas diz que a escolha é mal menor. É importante percebermos a opinião do sócio de Montenegro neste negócio governamental. Estão bem uns para os outros. Tomam-nos por parvos, certo? Amem-se e odeiem-se, mas não esperem pela nossa assinatura. Ide fazer contas em outro rosário. As nossas contas estão feitas, e não contam com essas parcelas. Incomensuráveis parolos. Todos.

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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Prémio Nacional de Ilustração

André da Loba é Prémio Nacional de Ilustração 2025, com o audiolivro "Contos Cantados". O André foi o convidado nacional da Festa da Ilustração - Setúbal 2020, e participou na exposição Dar de Beber aos Olhos, na Casa Da Cultura, em fevereiro de 2022, que homenageou João Paulo Cotrim. Parabéns, André. Vamos continuar. Abraço.

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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Uma taberna em São Bento

O taberneiro assume que a oposição está a fazer oposição. Afinal não é ele a oposição. Afinal o taberneiro considera-se ele próprio "a situação", ou seja, o primeiro-ministro, como refere o meu amigo José Simões no seu Der Terrorist. 

 Montenegro já considera o partido fascista um aconchego confortabilíssimo. Esta normalização do fascismo é insuportável. O ambiente é negro. O fascismo combate-se, mesmo quando disfarçado de social-democrata. Novidade: os fascistas absorvem e anulam tudo. Quando o taberneiro for poder, não há social-democracia, nem democracia, nem apoio social para ninguém. O fascismo só tolhe, não partilha nem apoia quem precisa. Apoios só para quem já tem tudo. Eles comem tudo, lembram-se?

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domingo, 20 de julho de 2025

Porque hoje é domingo

Incrível poema de Manuel da Fonseca, dito primorosamente por Mário Viegas, polvilhado por música de excelência composta por  Luís Cília. Há domingos assim: tristes mas muito bem vividos. Bom domingo.
 
 
 

DOMINGO

Quando chega domingo,
faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.

Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar…
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
«Bom tempo para amanhã»…
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.
Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.

Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando por que seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!...
Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar,
que era o que a família desejava,
para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos
quando chega domingo,
vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas
e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
quando ela era ainda muito menina…
Para eu contar isto
é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!
À hora negra das noites frias e longas
sei duma hora numa escada
onde uma velha põe sua neta
e vem sorrir aos homens que passam!
E a costureirinha mais honesta que eu namorei
vendeu a virgindade num domingo
- porque é o dia em que estão fechadas as casas de penhores!

Há mais amargura nisto
que em toda a História das Guerras.
Partindo deste princípio,
que os economistas desconhecem ou fingem desconhecer,
eu podia destruir esta civilização capitalista, que inventou o domingo.
E esta era uma das coisas mais belas
que um homem podia fazer na vida!
Então,
todas as raparigas amariam no tempo próprio
e tudo seria natural
sem mendigos nas ruas nem casa de penhores…

Penso isto, e vou a grandes passadas…
E um domingo parei numa praça
e pus-me a gritar o que sentia,
mas todos acharam estranhos os meus modos
e estranha a minha voz…
Mariazinha Santos foi para o cinema
e outras menearam as ancas
- ao sol
como num ritual consagrado a um deus! –
até chegar o homem bem-amado entre todos
com uma nota de cem na mão estendida…

Venha a miséria maior que todas
secar o último restolho de moral que em mim resta:
e eu fique rude como o deserto
e agreste como o recorte das altas serras:
venha a ânsia do peito para os braços!
E vou a grandes passadas
como um louco maior que a sua loucura…
O rapaz que era pintor
aconchegou-se sobre a linha férrea
para que a morte o desfigurasse
e o seu corpo anónimo fosse uma bandeira trágica
de revolta contra o mundo.
Mas como o rosto lhe estava intacto
vai a família ao necrotério e ficou aterrada!

Conheci-o numa noite de bebedeira
e acho tudo aquilo natural.
A costureirinha que eu namorei
deixava-se ir para as ruas escuras
sem nenhum receio.
Uma vez chovia
até entrámos numa escada.
Somente sequer um beijo trocámos…
E isto porque no momento próprio
olhava para mim com um propósito tão sereno
que eu, que dela só desejava o corpo bem feito,
me punha a observar o outro aspecto do seu rosto,
que era aquela serenidade
de pessoa que tem a vida cheia e inteira.
No entanto, ela nunca pôs obstáculo
que nesse instante as minhas mãos segurassem as suas.
Hoje encontramo-nos aí pelos cafés…
(ela está sempre com sujeitos decentes)
e quando nos fitamos nos olhos,
bem lá no fundo dos olhos,
eu que sou homem nascido
para fazer as coisas mais heróicas da vida
viro a cabeça para o lado e digo:
- rapaz, traz-me um café…
O meu amigo, que era pintor,
contou-me numa noite de bebedeira:
- Olha,
quando chega domingo,
não há nada melhor que ir para o futebol…
E como os olhos se me enevoassem de água,
continuou com uma voz
que deve ser igual à que se ouve nos sonhos:
- …no entanto, conheço um homem
que ia para a beira do rio
e passava um dia inteirinho de domingo
segurando uma cana donde caía um fio para a água…
…um dia pescou um peixe,
e nunca mais lá voltou…
…O pior é pensar:
que hei-de fazer hoje, que toda a gente anda alegre
como se fosse uma festa?... –
O rapaz que era pintor sabia uma ciência rara,
tão rara e certa e maravilhosa
que deslumbrado se matou.

Pago o café e saio a grandes passadas.
Hoje e depois e todos os dias que vierem,
amo a vida mais e mais
que aqueles que sabem que vão morrer amanhã!
Mariazinha Santos,
que vá par ao cinema morder o lencinho que sua mãe lhe bordou…
E os senhores serenos, acompanhados da mulher e dos filhos,
que parem ao sol
e joguem um tostão na mão dos pedintes…
E a menina das horas longas e frias
continue pela mão de sua avó…
E tu, que só andas com cavalheiros decentes,
ó costureirinha honesta que eu namorei um dia,
fita-me bem no fundo dos olhos,
fita-me bem no fundo dos olhos!

Então,
virá a miséria maior que todas
secar o último restolho de moral que em mim resta;
e eu ficarei rude como o deserto
e agreste como o recorte das altas serras:
e virá a ânsia do peito para os braços!...

Domingo que vem,
eu vou fazer as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida!

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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Mandela

DIA MANDELA | Comemoração internacional instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em novembro de 2009. Assinala-se assim o nascimento do líder sul-africano Nelson Mandela.

Mandela lutou contra a minoria que dominava a maioria no seu país. Essa ousadia ditou-lhe uma pena de prisão que durou 27 anos. Quando o mundo despertou para a chocante atitude racista, surgiu uma onda de solidariedade entre gente e dirigentes mundiais. Entre os resistentes a essa onda de solidariedade surgiram três indefectíveis reaccionários: Thatcher, no Reino Unido, Reagan, nos Estados Unidos da América, e Silva, o Cavaco, o português de Portugal. A atitude das inenarráveis criaturas não impediu o que se seguiu depois. Mandela venceu sem ressabiamentos. Foi um senhor. Os três tristes líderes políticos são para esquecer. Mandela é para recordar.
Viva Mandela. Sempre
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O lixo do luxo

Luís Montenegro é um excelente homem de negócios que nunca deveria ser primeiro-ministro. Para dar um ar respeitável ao discurso cita autores que conhece de nome, mas que não percebe patavina o que escrevem. Percebe-se, aquela cabeça deve ser uma confusão. Deve confundir ministros com clientes, secretários de Estado com amanuenses, assim como confunde a obra dos autores que conhece de nome. 
Uma salada mal temperada de alhos com bugalhos. Indigestão garantida. Perigo de refluxo.

Ontem, no debate antes de ir para férias, confundiu Sophia com Saramago no discurso auto-laudatório. Rui Tavares denunciou a ignorância. O ridículo ficou mais uma vez estampado naquela cara sem vergonha. Acrescento aqui um poema de que gosto muito, da autoria (mesmo) de Sophia de Mello Breyner Andressen, que talvez o senhor primeiro-ministro não conheça. Diz assim:
 
Nestes últimos tempos é certo a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças
Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?
Que diremos do lixo do seu luxo — de seu
Viscoso gozo da nata da vida — que diremos
De sua feroz ganância e fria possessão?
Que diremos da sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?
Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?
Nestes últimos tempos é certo a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto
Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?
 
Sophia de Mello Breyner Andresen
O NOME DAS COISAS
Caminho. 2004
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quinta-feira, 17 de julho de 2025

O frouxo, o fanfarrão e o burro



Temos como presidente da Assembleia da República um linguísta de elevado gabarito. Perante uma intervenção justamente exaltada de Pedro Delgado Alves, depois de uma repreensão do presidente pelo uso da palavra "fanfarrão" por José Luís Carneiro, isto para classificar as intervenções indescritíveis do líder fascista, Aguiar-Branco explicou a diferença entre "fanfarrão" e "frouxo", justificando os insultos do fascista. Os outros líderes têm que medir as palavras. Os fascistas é que não podem ser insultados, que é lá isso!? Aguiar-Branco não é frouxo nem fanfarrão. É ridículo. A benevolente intervenção de Aguiar-Branco foi ruidosamente aplaudida pelos fanfarrões do partido fascista. Está cada vez mais explicada esta aliança das direitas trogloditas, se é que posso usar a expressão. Pedro Delgado Alves envergonha-se das intervenções de Aguiar-Branco. Eu também tenho vergonha de ter esta frouxa criatura como segunda figura do Estado. Os fanfarrões fascistas combatem-se. Os fanfarrões e quem os apoiar.

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Design de comunicação

Da série Grandes Capas.



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terça-feira, 15 de julho de 2025

A paz, o pão
habitação
saúde, educação
 
Quando Sérgio Godinho escreveu a canção, o tempo era de solidariedade com os mais frágeis. Foi um tempo em que as ideias serviam para resolver os problemas das pessoas. As ideias de esquerda apresentam soluções para quem sofre. As opções de direita protegem quem só pensa em reprimir, em corrigir os outros, os de baixo, os que já sofrem excessivamente.. Com o crescimento da extrema-direita fascista tudo piorou. Parece que o povo quer ver quem sofre ser arrastado pela lama. O povo que elege estes autarcas quer sofrimento. Chama a isso justiça. É a justiça fascista. Até autarcas socialistas estão encostados às rigorosas ideias ajustadoras. Fascistas. Ricardo Leão é, no mínimo, um autarca medíocre. Nunca um autarca de esquerda. A esquerda — mesmo aquela que a direita tenta classificar de extrema para relativizar a coisa — é sempre solidária. Muitos socialistas já se demarcaram da atitude de Leão, mas, e o partido no seu todo, não se afasta desta triste bagunça vil?
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segunda-feira, 14 de julho de 2025

O Jornal de Letras

Parece que o JL vai acabar. Como frequente consumidor de informação escrita, tive no SE7E e no JL os meus primeiros entusiasmos. Até ali não havia imprensa com preocupações culturais a sério. Comprei os primeiros exemplares do JL e guardei-os até hoje. As primeiras páginas eram magníficas — as imagens junto não me deixam mentir — porque eram "resolvidas" pelo mestre João Abel Manta, que estendia a colaboração pelo interior. Foi um dos jornais mais incríveis graficamente. Lembro-me de muita coisa que percebi ali pela primeira vez. 

 Também me lembro do período posterior em que António Mega Ferreira foi chefe de redação. O grande rigor estético manteve-se. Foram convocados novos artistas, foram reforçadas colaborações. Lembro-me da iniciativa "novos-novos" que dava visibilidade aos artistas emergentes. Muitos "nasceram" ali. E, claro, destaca-se o heroísmo de José Carlos de Vasconcelos, diretor desde a primeira hora, e que conseguiu manter o empreendimento até não poder mais. 
 
Toda a imprensa escrita está em crise. Os suplementos culturais vão sendo banidos dos jornais. O Público ainda vai aguentando o Ypsilon e tem páginas culturais no seu miolo. Mas parece que escrever e ler está fora de moda. Será que esta moda, como todas as modas, vai passar um dia? A ver vamos, lá dizia o cego..
Parabéns, José Carlos de Vasconcelos. Muito obrigado, jornalistas e colaboradores do JL. A Cultura vencerá.
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Da fé

A extrema-direita usa a religião como ferramenta sua de trabalho político. Sugerem imposições de atitudes religiosas porque acham que isso é popular. Trump faz presépios pelo Natal e quer todos ajoelhados perante ideia tão maravilhosa. Os palonços que o seguem em todo o mundo também. O veterinário do partido fascista quer um presépio na Assembleia da República. Quando o partido fascista for governo está prometido. Todos somos incréus sujeitos às fantasias desta gente descerebrada.

São as novas cruzadas. Teremos que lutar como mouros em terra ocupada? Ou teremos que nos sujeitar ao ultraje e à tortura?
O teórico marxista enganou-se. "A religião não é o ópio do povo", é o "ódio do povo". Boa semana.
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domingo, 13 de julho de 2025

sábado, 12 de julho de 2025

O lugar da Poesia

Morreu Fernando Guimarães. Poeta, ensaísta, crítico, tradutor, foi relevante no crescimento da poesia portuguesa e na divulgação entre nós de importantes escritores estrangeiros. É uma biblioteca que morre. Um lugar de muitas palavras, de muito conhecimento. Dia triste para quem defende as palavras dos bárbaros verbais que as desprezam.
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sexta-feira, 11 de julho de 2025


HÁ VIDA INTELIGENTE BEM PERTO DE NÓS | Mostras. performances, atuações com atitude. É bom passear pela cidade. É bom perceber que há quem não esteja rendido ao imobilismo. 

MAPS 2025

10 a 19 de julho

Setúbal 

 
10.07
21h30 - Movimentos Pendulares, Elianyuri X Celino (FOmE), Casa Bocage
11.07
18h00 - Escultura Alcindo Monteiro, de Gabriel Chaile (BoCA), Convento de Jesus
21h30 - Na Boca do Tubarão, Teatro do Imigrante, SMR União Setubalense
12.07
10h30 e 11h00 - Exposição Trilhos de Memórias na SEIES Centro de Cidadania Ativa e Percurso Trilhos de Memórias no Largo da Fonte Nova. DAR COR À VIDA
21h00 - Terminal (O Estado do Mundo), Formiga Atómica, Fórum Luísa Todi | 12 euros, bol.pt
13.07 | Mini-Maps
15h00 às 18h00 - Jogos e brincadeiras, Almeidart, Bonfim
16h00 - Não há duas sem três, Catarina Requeijo, Bonfim
17h00 - A galinha da minha vizinha, Graça Ochoa (Circolando Central Elétrica), Bonfim
18h00 - Escultura Alcindo Monteiro, Gabriel Chaile (BoCA), Convento de Jesus
21h30 - Terra Cobre, João Pais Filipe e Marco da Silva Ferreira (BoCA), A Gráfica
14.07
21h00 - Filme Documentário: Caleidoscópio em construção – estórias de um encontro, Fórum Luísa Todi, realizador João Bordeira . REPASSEADO
17.07
21h30 Vozes da União, Colectivo de Cantarilhes da União Setubalense, SMR União Setubalense
18.07
11h00 e 11h30 - Passeio Sensorial e Biblioteca Humana, Setúbal ACT & Eco na Praça de Bocage
18.07
21h30 - Entre o Sonho e a Realidade onde me sento, PINY, A Gráfica
19.07
10h00 - Palavras que Ferem VS Palavras que Curam, SMS See e My Style (Baixa de Setúbal). DAR COR À VIDA
10h15 - Sem Muros nem Ameias, Largo Defensores da República (encontro no Museu do Trabalho)
10h30 - Restos de Oblação com Patrícia Paixão, Largo da Misericórdia
12h30 - Ensaio para a Humanidade, Resina 2.0 no Largo da Ribeira Velha
21h30 - Jardim Humano, Setúbal Voz, Largo do Convento de Jesus
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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Privatizar, privatizar, privatizar sempre

E pronto, a TAP já lá vai. O Governo da direita governamental, apoiado por situacionistas e oposicionistas — o sistema a funcionar, ao contrário do contraditório permanente do fascista Ventura — avança sem hesitações e com toda a energia com esta pretensão já antiga. 

 Agora vai ser mesmo assim. Não nos interessam para nada empresas estratégicas. Os nacionalistas da extrema-direita afinal tudo fazem para acabar com o que é nacional e se recomenda. Importa é engordar as contas multinacionais. Pouco restará depois da passagem desta gente pelo poder. Já vimos este filme. Esta gente não merece a confiança que lhes é dada pelos eleitores. Ou às tantas até merece. Quem é que quer ter às costas a responsabilidade de uma empresa que dá lucro? Quem tem muito dinheiro é que sabe gerir dinheiro. São as regras do neoliberalismo criminosamente agressivo. Temos que nos preparar para o pior. E temos que dar o nosso melhor.

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terça-feira, 8 de julho de 2025

Ver o que se olha

Tudo existe para acabar em uma fotografia" escreve Susan Sontag, no livro "Sobre Fotografia", publicado em 1977. João António Fazenda expõe, na Casa da Avenida, fotografias que resultam de viagens, vivências, coisas que lhe aconteceram. São documentos visuais que expõem emoções e vontades. Percebe-se uma lúcida percepção do seu tempo. Uma vontade de participar no que acontece à sua volta. 

João viajou, olhou, viu, perguntou e tentou obter respostas. As respostas possíveis estão agora ali, naquelas paredes. São as conclusões de alguém que olha com o seu particular olhar. Sebastião Salgado advertiu: "Tu não fotografas com a câmara, fotografas com a tua cultura". Verdade que João António Fazenda conhece. As fotografias que estão expostas na Casa da Avenida são testemunhas de um percurso de vida que se percebe intensa e vivida com os olhos bem abertos. Alude-se a José Afonso em fotografia de cartaz em sua homenagem no Theatre de la Ville, Paris, em finais dos anos oitenta do século passado. José Afonso escreveu "Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber". Temos aqui a sensação que João António Fazenda deu por tudo e continua a dar. Ouvidos e olhos alerta. Estas imagens revelam sentimentos, um olhar exigente e uma maneira atenta de se olhar para o nosso tempo. O tempo de João é o nosso tempo. Estamos ali. Somos figurantes de um tempo feliz que insiste em existir. Temos que insistir em existir. Ainda não acabámos, como alertou Jorge Silva Melo. Não vamos acabar, digo eu. Insistimos na luta pela justiça e pela felicidade. Parabéns, João.

VER CLARAMENTE VISTO. João António Fazenda. Casa da Avenida, Setúbal. Até 3 de Agosto, 2025 



 
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